“Laura, como está o Brasil?”

Aqui em Manchester tenho uma amiga portuguesa. Amiga e colega de curso e trabalhos em linguística. E, claro, ambas dominam a Língua Portuguesa, ora pois (será mesmo que um dia vou dominar o português?)! Ou como se diz por aqui: European Portuguese e Brazilian Portuguese!

E na última quarta-feira escrevi para ela para dar um alô e dizer que já estava de volta. Ela então me perguntou: “Olá Laura, como está o Brasil?”.

Pão de Açucar, Rio

Fiquei espiando a frase… difícil resposta. Como contar, ali pelo uátis, como está o Brasil?

Qual Brasil?
Qual parte do Brasil?
De qual janela?
De qual cenário?
De qual ponto de vista?
Do Brasil rico e forte?
Ou do Brasil pobre e fraco?
O Brasil das eleições?
O Brasil do contraste?
O Brasil malandro?
O Brasil que um dia dará certo?
O Brasil samba?
O Brasil batidão?
O Brasil inflacionado?
O Brasil resignado?
O Brasil terra adorada?

            Pois é amiga, precisaremos marcar um café – com Pastel de Nata ou pão de queijo, para responder essa pergunta. Por hora, digo: continua lindo, acolhedor, assustador… Mas ainda assim, onde me sinto em casa. Com minha gente. E foi para isso que voei tantas horas…

para me energisar em abraços sem fim
para rir até perder a voz
para encontros de última hora
para encontros de séculos
para encontros prometidos
para sentir frio na barriga
para tomar banho de mar
para estar com minha família
para comprar mil pares de Havaianas (of course!)
para encher a barriga de coxinha de frango, choripãn, quindim e fruki ligh
para cantar as canções que a gente quer ouvir

Para que meu filho me conheça um pouco melhor. Que tal?

Quindim

*Amiga, e te conto mais: meu vôo de volta pela portuguesa TAP foi antecipado em 18h; minha mala só chegou dois dias depois que eu; e por pegar vento no Pão de Açucar no Rio de Janeiro e ar super gelado no avião, peguei um gripe forte que se transformou em crise de asma. Mas “estou a começar a melhorar”, como dizem os portugueses

Porto Alegre

Laura, how was Brazil?

Here in Manchester I have a Portuguese friend. Friend and colleague in linguistic field. And, of course, both master the Portuguese language (will I really master Portuguese one day?). Or as they say around here: European Portuguese and Brazilian Portuguese!

And last Wednesday I wrote her to say hello and say I was back. She then asked me: “Hello Laura, how is Brazil?”.

I kept spying on the sentence… difficult answer. How to tell by WhatsApp, how is Brazil?

Which Brazil?
What part of Brazil?
From which window?
From which scenario?
From what point of view?
From Brazil rich and strong?
Or poor and weak Brazil?
The Brazil of the elections?
The Brazil of contrast?
The crooked Brazil?
The Brazil that will one day work?
Brazil samba?
Brazil beat?
Brazil inflated?
Brazil resigned?
Brazil, the beloved place?

Well, my friend, we’ll need to book a coffee – with Pastel de Nata or cheese bread, to answer that question. For now, I say: it’s still beautiful, cozy, scary… But still, where I feel at home. With my people. And that’s why I flew so many hours…

to energize me in endless hugs
to laugh until you lose your voice
for last minute meetings
for meetings of centuries
for promised meetings
to feel butterflies in the stomach
to bathe in the sea
to be with my family
to buy a thousand pairs of Havaianas (of course!)
to fill the belly with chicken coxinha, choripãn, quindim and fruki ligh
to sing the songs we want to hear

So that my son gets to know me a little better. What do you think?

*My friend, another thing: my return flight via Portuguese TAP was brought forward by 18h; my suitcase only arrived two days after me; and because of the wind on the Sugarloaf Mountain in Rio de Janeiro and super cold air on the plane, I caught a bad cold that turned into an asthma attack. But I am already “I’m starting to improve”, as the Portuguese say

Historic heat wave

It’s official. British authorities have issued RED ALERT and national emergency situation for extremely high temperatures in the coming days. Between Sunday and Tuesday, some parts of the UK, including Manchester, can experience temperatures of 40°C.
And during this week, with an eye on the news about the heat wave, I even laughed to myself and commented with friends and family about the “exaggeration” of the British considering “heat wave” a case of alert around here.
And then, reading the papers, I realised: if the thermometers reach 40°C, it will be the first time in history in the last… No, I had not misunderstood. It’s not a question of “how long ago”. It is at least for the last 200 years, according to the Met Office – the national weather bureau around here. In July 2019 the thermometers registered 38.7°C in Cambridge. And, they say, it was chaos.
Of course, as a South American, Brazilian, beach-lover, sub-tropical, I am beyond scalded with extreme temperatures. It is almost 40 years of experience… riding in a car without air conditioning; public bus full packed; 29°C at 8 am; take two or three baths a day; getting all dressed up and having the gigantic sweat mark under my arm on my clothes; mosquito; sore throat when choosing between turning on the “air” or sweating all night; makeup that melts in three minutes; spend the day in a crowded shopping mall to see if the sweating stops; take a hot drink from the fridge (not working properly!); be careful with “salmonese”; headache when walking a few meters in the sun; endless traffic jams to reach some viable and breathable beach between Guaíba and Mampituba; and the list just goes on and on… But, of course, all this without complaining (much). That typical acceptance… mix of humor and resilience of a Brazilian – who from an early age learns to laugh at his own misfortune.

Here in England the matter is being taken very seriously. Sectors such as industry, transport, education, technology and health are getting ready (as they can) for the next few days.

  • some schools will be closed
  • kids sport clubs and activities are cancelled
  • NHS (SUS) have been testing since last week contingency plans for specialized care for those affected by the severe heat
  • some train lines and flights will be cancelled
  • machinery and equipment in the technology and engineering sector are at risk of overheating
  • water, gas and electricity supplies may be affected
    Not to mention the following detail: as this type of heat is very rare, and uncharacteristic of Great Britain, the houses do not have air conditioning. Neither schools, stores, public buses, community centres, medical clinics. Ceiling fan? I’ve never seen. Patio swimming pool? Just paddling pools for children.
    Anyway. Seeing how British people are dealing and preparing themselves for the beginning of next week, I got myself an ice cream to write this text, lowered my head and kept very quiet, promising myself not to laugh anymore on “gringo’s inexperience” with the heat. After all, each people knows where their own skin burns. And that must be respected. What do you think?

    Calor histórico
    É oficial. Autoridades britânicas publicaram ALERTA VERMELHO e situação de emergência nacional para temperaturas extremamente altas nos próximos dias. Entre domingo e terça-feira, algumas regiões do Reino Unido, incluindo Manchester, podem ter temperaturas de 40°C.
    E durante essa semana, de olho nas notícias sobre a onde de calor, cheguei a rir sozinha e comentar com amigos e família sobre o “exagero” de os ingleses considerarem “onda de calor” um caso de alerta por aqui.
    E então, lendo as informações, me dei conta: se os termômentros chegarem a 40°C, será a primeira vez na história nos ultimos… Não, eu não havia entendido errado. Não é uma questão de “há quanto tempo atrás” não se tem registro de alta temperatura. Pelo menos nos últimos 200 anos, segundo o Met Office – o departamento nacional de metereologia por aqui. Em julho de 2019 os termômetros registraram 38.7°C em Cambridge. E, dizem, foi um caos.
    Claro, como sul-americana, brasileira, praieira, sub-tropical, estou prá lá de escaldada com temperaturas extremas. Foram quase 40 anos de experiência… andando de carro sem ar-condicionado; ônibus público lotato; 29°C às 8h da manhã; tomar dois ou três banhos por dia; me arrumar toda e ter a marca gigantesca de suor embaixo do braço na roupa; mosquito; dor de garganta ao escolher entre ligar o “ar” ou suar a noite inteira; maquiagem que derrete em três minutos de uso; passar o dia em shopping center lotado para ver se diminui o suor; tomar bebida quente da geladeira (que não dá conta); tomar cuidado com “salmonese”; dor de cabeça ao caminhar alguns metros sob o sol; engarrafamentos intermináveis para alcançar alguma praia viável e respirável entre o Guaíba e o Mapituba; e a lista só aumenta… Mas, claro, tudo isso sem reclamar (muito). Aquela aceitação típica… misto de humor e resiliência de brasileiro – que desde cedo aprende a rir de sua própria desgraça.
    Aqui na Inglaterra o assunto está sendo tratado muito seriamente. Setores como industria, transporte, edução, tecnologia e saúde estão se preparando (como podem) para os próximos dias.
  • algumas escolas serão fechadas:
  • clubes e atividades de esporte infantil estão cancelados
  • NHS (SUS) testam desde a semana passada planos de contingência para atendimento especializado aos atingidos pelo forte calor
  • algumas linhas de trem e vôos serão cancelados
  • máquinas e equipamento no setor de tecnologia e engenharia estão sob risco de superaquecimento
  • fornecimento de água, gás e eletricidade podem ser afetados
    Sem contar com o seguinte detalhe: como esse tipo de calor é muito raro, e realmente não é característico do Grã-Bretanha, as casas não tem ar-condicionado. Nem escolas, nem lojas, nem ônibus público, nem centros comunitários, nem clínicas médicas. Ventilador de teto? Nunca vi. Piscina no pátio? Só de aquelas redondas pequenas para criança.

    Enfim. Face a como os ingleses estão reagindo e se preparando para o início da próxima semana, me servi de sorvete para escrever esse texto, baixei a cabeça e fiquei bem quietinha, promentendo a mim mesma não rir mais dessa “inexperiência” gringa com o calor. Afinal, cada povo sabe onde arde e queima sua própria pele. E isso deve ser respeitado. Que tal?

Arte & gênero

O museu Victoria & Albert em Londres apresenta a exposição “Fashioning Masculinities: The Art of Menswear”. A mostra fica em cartaz na Sainsbury Gallery, até novembro deste ano.

Financiada pela casa Gucci, a exibição parte de um paradigma que ainda (vejam só!) desafia os tempos: a questão do gênero na influencia do vertir nas mais diversas culturas, eras e sociedades. Status, poder, fama, popularidade, influenciadores… O passar do tempo não faz distinção. Nos guarda-roupas e passarelas, os estereótipos: para mulheres, o delicado, o drapaedo, os babados, os florais, a discrição, o feminino… Para homens, virilidade, força, praticidade, sobriedade, o macho… Desde os primórdios. Desde sempre. Desde ainda hoje.

Balenciaga, Alexander McQueen, Jean-Paul Gaultier, Stella McCartney, Dior e Gucci, claro, entre outros estilistas, estão na galeria. Interessante assistir as voltas de estilo e cores através dos tempos… A cor rosa, em suas mais variadas nuances, já foi um “must” no vestir masculino do século XVII. Maquiagem, acessórios, salto alto, bico-fino, perucas e até aquele sinalzinho preto pintado próximo ao lábio, também. E há quem torça o nariz para unhas pintadas neles – os homens, mesmo em 2022…

Sugeri a mostra para um amigo que me acompanhava, dizendo ser imperdível, curiosa, provocativa… O universo da moda, versão para homens! Sua resposta: “não sou ligado em moda”.

Fiquei pensando nas discussões conceituais sobre moda, arte e história. Ora, se cultura permeia movimentos, conceitos, representações, novas perspectivas, desconstruções e releituras, moda é sem dúvida… arte. Pois questiona, instiga, ensina, brilha, choca, provoca. Então, mesmo para quem não seja “ligado em moda”, a exposição nos diz: discussões de gênero, diversidade, quebra de paradigma e liberdade, estão sim, na moda. E tomara tenha vindo para ficar. Desde já, um clássico. Que tal?

Fashioning Masculinities: The Art of Menswear
The Sainsbury Gallery
Victoria & Albert Museum
London, SW7 2RL
Até 06.11.2022
Preço médio: £20
(meu ingresso foi uma cortesia do setor de imprensa do museu, mediante uso de minha carteira internacional de jornalista)

(English version below)
Art & gender

The Victoria & Albert Museum in London presents the exhibition “Fashioning Masculinities: The Art of Menswear”. The show will be on view at the Sainsbury Gallery until November this year.

Funded by the house of Gucci, the exhibition starts from a paradigm that still defies the times: the question of gender in the influence of pouring in the most diverse cultures, eras and societies. Status, power, fame, popularity, influencers… The passage of time makes no distinction. In wardrobes and catwalks, stereotypes: for women, the delicate, the drape, the ruffles, the floral, discretion, the feminine… For men, virility, strength, practicality, sobriety, the masculine… Since always. Since even today.

Balenciaga, Alexander McQueen, Jean-Paul Gaultier, Stella McCartney, Dior and Gucci, of course, among other designers, are in the gallery. Interesting to see the changes in style and colors through the ages… Pink, in its most varied nuances, was once a “must” in male dress in the 17th century. Makeup, accessories, high heels, pointed toes, wigs and even that little black sign painted next to the lip, as well. And there are those who turn up their noses at painted nails on them – men, even in 2022…

I suggested the exhibition to a friend who was with me, saying it was unmissable, curious, provocative… The universe of fashion, version for men! His answer: “I’m not into fashion”.

I kept thinking about the conceptual discussions about fashion, art and history. Well, if culture permeates movements, concepts, representations, new perspectives, deconstructions and re-readings, fashion is undoubtedly… art. For it questions, instigates, teaches, shines, shocks, provokes. So, even for those who are not “fashionable”, the exhibition tells us: discussions of gender, diversity, breaking of paradigms and freedom are, yes, in fashion. And hopefully it’s here to stay. Already a classic. What do you think?

Fashioning Masculinities: The Art of Menswear
The Sainsbury Gallery
Victoria & Albert Museum
London, SW7 2RL
Until 11.06.2022
Average price: £20
(my ticket was courtesy of the museum’s press department, using my international journalist’s license)

O pacote de Natal suspeito

UMA LENDA: No verão de 1987 cerca de 13 mil latas foram encontradas no litoral brasileiro. No mar, na orla ou na areia – principalmente em praias do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. E o que havia dentro das latas? Maconha. Pura e simplesmente. O caso ficou conhecido como o Verão da Lata e deu muito pano pra manga. Virou até letra de música, muvuca, correria, briga, comércio e até livro;

O FATO: Investigações posteriores concluíram que a muamba, o bagulho encontrado saíra da Austrália com destino ao Panamá – com parada técnica nos Estados Unidos, e acabou se perdendo no meio do caminho… justamente na costa da Terra Brasilis. (fonte: Carta Capital)

A interessante história acima serve de ilustração para outro fato, que já é quase lenda (ou conto de fadas, devido ao seu conteúdo): em novembro de 2020, ano da nova era pandêmica no mundo, eu, com saudade dos amigos e da família, e já embalada pelo clima de Natal que o povo, os varejistas e os marqueteiros nos empurravam goela abaixo, tive uma brilhante ideia. Já que eu não podeira ir ao Brasil, mandaria por correio cartões de Natal com mensagem carinhosas e um mimo açucarado para acalentar os corações.

Foi um senhor investimento. Comprei cartões, envelopes especiais para envio de alimentos, escrevi mensagens, colhi assinaturas aqui dos guris, comprei chocolates e biscoitos natalinos, fui no Post Office, paguei remessa internacional (em geral 2x mais cara que o produto enviado) e esperei. Esperei quietinha com meu chá quentinho para ver quando chegariam as primeiras mensagens de surpresa – carinho – agradecimento. E nada.

Muito tempo depois, alguns (espertos) destinatários juntaram A+B e me perguntaram se eu havia mandado algo por correio, já que havia um aviso de chegada de encomenda vinda do UK: putz, estragou a suspresa, pensei. Tive que dizer que sim… coisa mais sem graça!

Muito pano pra manda depois, eis que os pacotinhos começam a aparecer na ilha… a britânica no caso, mais especificamente em Manchester, na minha rua, na minha porta. Uát?

Pois é. Ainda não fiz e não farei investigações oficiais. O caso vai virar lenda. E o fato é: algo muito sinistro deve ter acontecido no meio do caminho… O suspeito? EBCT, vulgo os correios do Brasil. Não sou de acusar ninguém sem provas… mas, sabe lá. O Post Office daqui me garantiu o envio e há evidencias nos pacotes dizendo RECEBIDO BR.

Agora fica o grande mistério: quem pagou a conta para mandar de volta os pacotinhos de doces natalinos mais de 10 meses depois? Não é barato não, meu caro. Eu paguei para despachar. One way. Sem retorno, of course.

POSFÁCIO 1: os doces claro, já estão fora do prazo de validade. Não poderei usufruir do feitiço que voltou para a feiticeira. O que aprendi: fiquei mais probre sim, é verdade. Mas também é verdade que abraço apertado não caduca. E então, quando enfim chegar o dia do abraço, vou enriquecer novamente. Que tal?

POSFÁCIO 2: não fique triste se você suspeita que não estava na lista de envio dos pacotinhos… Nem eu sei mais para quem enviei. Na dúvida, podemos resolver isso no A-braço! Que tal?

The suspicious Christmas package
A LEGEND: In the summer of 1987 about 13 thousand cans were found on the Brazilian coast. At sea, on the shore or on the sand – especially on the beaches of Rio de Janeiro, São Paulo and Rio Grande do Sul. And what was inside the cans? Marihuana. Quite simply. The case became known as the Summer of Lata. It even became lyrics, muvuca, running around, fighting, trade and even books;    
THE FACT: Subsequent investigations concluded that the muamba, the stuff found had left Australia bound for Panama – with a technical stop in the United States and ended up getting lost along the way… precisely on the coast of Terra Brasilis.

The interesting story above serves as an illustration for another fact, which is almost legend (or fairy tale, due to its content): in November 2020, the year of the pandemic new era in the world, I, missing friends and family, and already touched by the Christmas atmosphere by people, retailers and marketers were pushing down our throats, I had a brilliant idea. Since I couldn’t go to Brazil, I would mail Christmas cards with a loving message and a sugary treat to soothe hearts.

It was a big investment. I bought cards, special envelopes to send food, wrote messages, collected signatures here from the house, bought chocolates and Christmas cookies, went to the Post Office, paid international shipping (usually 2x more than the product sent) and waited. I waited quietly with my hot tea to see when the first surprise messages – affection – thanks would arrive. And nothing.

A long time later, some (smart) recipients joined A+B and asked me if I had sent something by post, as there was an arrival notice for a package from the UK: hell, you spoiled the surprise, I thought. I had to say yes… most boring thing!

Well, the packages begin to appear on the island… the British in this case, more specifically in Manchester, on my street, on my doorstep. What?

 So, I haven’t done it yet and I won’t do official investigations. The case will become legend. And the fact is… something very sinister must have happened along the way… The suspect? EBCT, the Brazilian post office. I’m not one to accuse anyone without proof… but, who knows. The Post Office here guaranteed me the shipping and there is evidence in the packages saying RECECEIVED BR.

 Now the big mystery: who paid the bill to send back the Christmas candy packets more than 10 months later? It’s not cheap, my dear. I paid to ship. One way. No return, of course.

POSTFACE 1: the sweets, of course, are already out of date. I will not be able to enjoy the spell that returned to the sorceress. What I learned: I got poorer yes, it’s true. But it is also true that a tight hug does not expire. And then, when hug day finally arrives, I’ll get rich again. What do you think?
POSTFACE 2: Don’t be sad if you suspect you weren’t on the package mailing list… I don’t even know who I sent it to anymore. When in doubt, we can solve this with a hug. What do you think?

‘Balança, mas não cai’

(pic by Hermann and Richter, pixabay)

“Balança, mas não cai” foi um dos muitos programas humorísticos produzido pela principal rede de TV do Brasil. Inpirada no quadro homônimo apresentado na década de 50 na Rádio Nacional, o programa teve a versão televisiva lançada em 1968. Plot: as virtudes e desvirtudes de um grupo de moradores num decadente edifício-cortiço, erguido durante a crise habitacional no Rio de Janeiro (na época capital federal).
Em 1993, uma nova versão, ‘repaginada’, foi ao ar. Lembro de ter assistido alguns episódios, claro. Apesar de já naquela época, não ser muito fã do tipo de humor onde em geral, DESvirtudes de pobre (e aqui tinham vários rótulos… pobres, imigrantes, nordestinos, mulheres, efeminados, deficientes físicos, mulatos, negros…) eram motivo de chacota, piada e tiração de sarro: o bullying sócio-cultural-racial da época. Curtia mais TV Pirata… mas isso são outros quetais.
Uma grande metáfora do povo e da cultura brasileira, não? O que tira sarro, o malandro, o Macunaíma, o herói sem caráter, o ‘rouba, mas faz’, o ingênuo, o jocoso, o tramposo… o impune. Da cultura do jeitinho. Do ‘balança, mas não cai’.


Matt Hancock, Ministro da Saúde (partido conservador de Boris Johnson) pediu demissão do cargo. A carta foi entregue ontem ao primeiro ministro. Plot: Hancock foi visto (e filmado) beijando e abraçando uma assistente de sua equipe em maio passado, durante o lockdown. Quebra de regras de isolamento na pandemia – ação amplamente criticada e reforçada por sua pasta.
Independente das profundas raízes culturais que moldam e respaldam de alguma forma nosso caráter, caráter é caráter.
Independente de partido, posicionamento e representação, assuntos sérios são assuntos sérios. E como tais, devem ser encarados com seriedade. Ponto para a Inglaterra… onde o personagem balançou, e caiu. E Otaljair, ainda não. Que tal?


Sway, but it doesn’t fall
“Sway, but it doesn’t fall” was one of the many comedy programs produced by the main TV network in Brazil. Inspired by the homonymous radio soap opera in the 1950s on Rádio Nacional, the program had a television version launched in 1968. Plot: the virtues and bad luck of a group of residents in a decaying tenement building, erected during the housing crisis in Rio de Janeiro (at the time the federal capital).
In 1993, a new version aired. I remember watching some episodes, of course. Although at that time, I wasn’t much of a fan of the type of humor where, in general, bad luck of the poor (and here they had several labels… poor, immigrants, northeastern, women, effeminate, disabled, mulattos, blacks…) they were a laughingstock, a joke and a mockery: the socio-cultural-racial bullying of the time. I liked TV Pirata more… but that’s other things.
A great metaphor for the Brazilian people and culture, no? The one who makes fun, the rogue, the Macunaíma, the characterless hero, the ‘steals, but does’, the naive, the playful, the naughty… the unpunished. The culture of ‘jeitinho’. Of ‘Sway, but it doesn’t fall’.

Matt Hancock, Health Secretary (Boris Johnson – conservative party) has resigned. The letter was delivered to the prime minister yesterday. Plot: Hancock was seen (and filmed) kissing and hugging an assistant last May during the lockdown. Breaking of isolation rules in the pandemic – action widely criticized and reinforced by its department.
Regardless of the deep cultural roots that have shaped and support our character in some way, character is character.
Regardless of party, position and representation, serious matters are serious matters. And as such, they must be taken seriously. Point to England… where the character swayed, and fell. And Otaljair, not yet. What do you think?

Hoje, não quero saber de números… mas lá se vão 365 dias

(Florianópolis, SC foto by Mario Salgado)

Em 20 de março do ano  passado iniciou o primeiro lockdown aqui no Reino Unido. A escola do meu filho fechou; fui convocada a ficar em casa; comecei a usar máscara; faltou comida e papel higiênico nos supermercados; as ruas esvaziaram; a negação e a ironia inicial frente ao perigo, assentou: a pandemia estava entre nós. Está entre nós. Entre eu e você. Entre o ar e o acreditar. Hoje, não quero falar de números… mas lá se vão 365 dias. E o que você fez?

– o que você aprendeu?
– o que se permitiu?
– o que você se proibiu?
– o que você mudou?
– em que você mudou?
– quantas vezes você chorou?
– quantas vezes chorou de rir?
– quantas vezes falou sozinha?
– por quem você esperou?
– quem te surpreendeu?
– quanta solidão você suportou?
– quanto amor você doou?
– o quê te encheu de amor?
Hoje, não quero falar de números… mas lá se vão 365 dias
– quantas vezes você abraçou?
– quantas vezes você beijou?
– quem você conheceu?
– quem você tentou esquecer?
– que vícios você largou?
– que novos hábitos você adquiriu?
– quantas vezes você burlou?
– quantas vezes você se arriscou?
– quantas vezes você fez sexo sem proteção?
– quantas vezes você teve medo?
– quantas pessoas você perdeu?
– quantas vezes você duvidou da humanidade?
Hoje, não quero falar de números… mas lá se vão 365 dias
– quantas vezes você cantou?
– quantas vezes você dançou?
– quantas vezes você brincou?
– quantas vezes você ouviu ‘eu te amo’?
– quantas vezes você disse ‘eu te amo’?
– quantas vezes você drenou sua própria energia, somente para confortar outrem?
– quantas vezes você forçou um sorriso?
– quantos projetos você começou?
– quantos projetos você terminou?
– quantos sonhos você lapidou?
– quantos pesadelos te acordaram no meio da noite?
Hoje, não quero falar de números… mas lá se vão 365 dias
– quantos dias você teve preguiça?
– quantos dias você ficou de pijama?
– quantas vezes você se exercitou?
– quantos doces você comeu?
– quanta bebida alcoólica você bebeu?
– quantas vezes você se culpou por ter saúde?
– quantas vezes você se penalizou por não ter saúde?
Hoje, não quero falar de números… mas lá se vão 365 dias
– quantas receitas você testou?
– quantas vezes você fez o que gosta?
– quantas vezes você fez o que não gosta?
– quantas piadas de mau gosto você ouviu?
– quanto tempo você passou nas redes sociais?
– quantos livros você leu?
– quantos filmes e séries você assistiu?
– quantas lives você participou?
– quantos produtos você comprou online?
– quanto tempo você ficou sentada?

Quantas vezes você tentou? Quantas vezes você que errou?
Se não deu certo, não desista. Hoje, não quero falar de números…  mas sobre a vida que segue. Dia um… Começando hoje. Que tal?

Today I don’t want to mention numbers… but 365 days had passed

            On March 20 last year, the first lockdown started here in the UK. My son’s school closed; I was asked to stay at home; I started wearing a mask; supermarkets lacked food and toilet paper; the streets emptied; denial and initial irony in the face of danger, settled: the pandemic was among us. It is between us. Between you and me. Between air and believing. Today, I don’t want to mention numbers…. but 365 days had passed. And what did you do?

– what did you learn?
– what did you allowed yourself?
– what did you forbid yourself?
– what have you changed?
– what have you changed on you?
– how many times have you cried?
– how many times did you cry with laughter?
– how many times did you talk to yourself?
– who did you wait for?
– who surprised you?
– how much loneliness did you endure?
– how much love did you donate?
– what filled you with love?
Today, I don’t want to mention numbers…. but 365 days had passed
– how many times have you hugged?
– how many times have you kissed?
– who did you meet?
– who did you try to forget?
– what addictions did you quit?
– what new habits have you acquired?
– how many times did you scam?
– how many times have you risked yourself?
– how many times have you had unprotected sex?
– how many times were you afraid?
– how many people have you lost?
– how many times have you doubted humanity?
Today, I don’t want to mention numbers…. but 365 days had passed
– how many times did you sing?
– how many times have you danced?
– how many times have you played?
– how many times have you heard ‘I love you’?
– how many times have you said ‘I love you’?
– how many times have you drained your own energy, just to comfort others?
– how many times have you forced a smile?
– how many projects have you started?
– how many projects have you finished?
– how many dreams have you polished?
– how many nightmares woke you up in the middle of the night?
Today, I don’t want to mention numbers…. but 365 days had passed
– how many days were you lazy?
– how many days were you in pijamas?
– how many times have you exercised?
– how many sweets did you eat?
– how much alcohol did you drink?
– how many times have you blamed yourself for being healthy?
– how many times have you penalized yourself for not being healthy?
 Today, I don’t want to mention numbers…. but 365 days had passed
– how many recipes have you tested?
– how many times have you done what you like?
– how many times have you done what you don’t like?
– how many bad jokes have you heard?
– how much time did you spend on social media?

– how many books have you read?
– how many films and series have you watched?
– how many lives did you participate in?
– how many products did you buy online?
– how long were you sitting?  

            How many times have you tried? How many times have you been wrong? If it didn’t work, don’t give up. Today, I don’t want to mention numbers … but about the life that follows. Day one… Starting today. What do you think?

“OtalJair não tinha limites”

(Esse texto é uma ficção. Inspirado em fatos e personagens reais)

             OtalJair não tinha limites. Fazia o que queria. Poderia ter sido um cara normal. Mais um na multidão. Levar uma vida boa, honesta, digna, respeitosa… Mas de tanto nada ter, ele queria tudo. E resolveu que um dia seria presidente da República Pátria Amada.

            Quando pequeno, no interior da República Pátria Amada, OtalJair vivera uma infância simples. Cinco irmãos, casa modesta, pobre mesmo. Vivia livre nas cercanias da pequena cidade onde corria pelo mato, pela praça, pelos corredores da igreja, pelos submundos da cidadezinha. Ele fazia o que queria.

            Na escola OtalJair se destacara como líder – dizem os mais próximos. Era o chefe da turma da bagunça (dos valentões, mas não dos artistas!) na sua classe, mas era o que sentava na frente… disfarçado de bom aluno, de bom moço. E desrespeitava colegas, professores, maltratava plantas e pequenos animais. Ele fazia o que queria.

            Na adolescência OtalJair era temido pelos ditos diferentes. Negros, indígenas, deficientes físicos, efeminados, gordos, magros, meninas em geral. Infernizava quem não o seguisse ou não o admirasse. Quem ousasse ser diferente. Quem cruzasse seu caminho, era encrenca na certa. Violência na certa. Ele fazia o que queria.

            E assim cresceu o pobre coitado. Ficou rico até… Mas um pobre coitado.

            Adulto, OtalJair se sentia poderoso. Impávido. Não levava desaforo para casa. Sempre foi de revidar (ataques ou não) na hora. Na cara. E ninguém poderia segurá-lo. Aprendera desde cedo que macho que é macho, não leva desaforo para casa. Fosse quem fosse, de qualquer gênero ou patente. OtalJair se vangloriava de sua coragem. Homem do exército, sabia atirar e sabia resolver as coisas na bala. Ele fazia o que queria.

            Poderia ter sido um cara normal. Mais um na multidão. Levar a vida numa boa, honesta, digna, respeitosa… Mas de tanto nada ter, ele queria tudo. E resolveu que um dia seria presidente da República Pátria Amada. E deu no que deu. Desrespeitou, maltratou, infernizou, perseguiu, ridicularizou, ameaçou, provocou, humilhou, debochou. Afinal, OtalJair não tem limites. Ele faz o que quer.

Como eu conversava com o Carlos dia desses por telefone, talvez (será?), todos nós, brasileiros, tenhamos um pouco da personalidade de nosso fictício personagem OtalJair… Ou alguém na família… Ou um amigo, um vizinho, um amigo do vizinho. Alguém que não teve amor. E que não sabe amar.

Pois amor, limite e respeito é o que nos ensina a ser tolerantes, sábios, respeitosos… Pessoas normais. Mais um na multidão. Levar uma vida boa, honesta, digna, respeitosa. E assim, temos tudo. Que tal?

Otaljair had no limits
(This text is a fiction. Inspired by facts and real characters)

            Otaljair had no limits. He did what he wanted. He could have been a normal guy. One more in the crowd. Lead a good, honest, dignified, respectful life … But because he had nothing, he wanted everything. And he decided that one day he would be president of the República Pátria Amada.

            As a child, in the interior of the República Pátria Amada, Otaljair had lived a simple childhood. Five brothers, modest house, really poor. He lived free on the outskirts of the small town where he ran through the bush, the square, the church corridors, the underworld of the small town. He did what he wanted.

            At school, Otaljair he had distinguished himself as a leader – say those closest to him. He was the head of the mess class (of the bullies, not the artists!) of his group, but he was the one who sat in the front … disguised as a good student, a good boy. And he disrespected colleagues, teachers, mistreated plants and small animals. He did what he wanted.          

            In his teens Otaljair was feared by different people. Black, indigenous, physically handicapped, effeminate, fat, thin, girls in general. He made people who did not follow or admire him hellish. Anyone who dared to be different. Whoever crossed his path was in trouble for sure. Violence for sure. He did what he wanted.

            And so the poor guy grew up. He got rich even… But a poor guy.

            As an adult, Otaljair felt powerful. Undaunted. He didn’t take outrage home. It was always to strike back (attacks or not) on the spot. In the face. And nobody could handle it. He had learned from an early age that a male who is a male does not take outrage home. Whoever it was, of any gender or rank. Otaljair boasted of his courage. A man from the army, he knew how to shoot and knew how to solve things with the bullet. He did what he wanted.

            He could have been a normal guy. One more in the crowd. To live life in a good, honest, dignified, respectful way … But because of having so much nothing, he wanted everything. And he decided that one day he would be president of the República Pátria Amada. And it happened. He disrespected, mistreated, made hell, chased, ridiculed, threatened, provoked, humiliated, mocked. After all, Otaljair has no limits. He does what he wants.

            As I was talking to Carlos the other day on the phone, maybe (really?), all of us Brazilians, have a little bit of the personality of our fictional character Otaljair… Or someone in the family … Or a friend, a neighbor, a neighbor’s friend. Someone who has not had love. And who doesn’t know how to love.           

Because love, limit and respect is what teaches us to be tolerant, wise, respectful … Normal people. One more in the crowd. Lead a good, honest, dignified, respectful life. And so, we have everything. What do you think?

Precisamos falar sobre o vazio

10 de outubro, Dia Mundial de prevenção e cuidados da Saúde Mental

            Sempre fui uma pessoa positiva, pra cima, de seguir em frente. Mas esse ano, está difícil… E precisamos falar sobre o vazio.

            O José diz que olho o copo “meio vazio”. Que devo olhar o copo “meio cheio” – sei não, essa expressão nunca fez muito sentido para mim… afinal, dá no mesmo, não? Meio cheio ou meio vazio, é tudo uma questão de perspectiva. Mas o que fazer quando a perspectiva atual é uma estrada sinuosa, à beira de um penhasco que insiste em nos mostrar seu poder de atração?

            E para e penso: tenho saúde, tenho um teto, tenho família, tenho amigos… Mas e esse vazio que me consume, esse medo que me paralisa frente à falta de lucidez e trégua?

            Precisamos falar sobre o vazio. Sobre a realidade, a necessidade e a urgência de nos comunicarmos, ainda que à distância, usando aparelhos e aparatos tecnológicos. Trocar mensagens por escrito nunca será a mesma coisa que ouvir o calor da voz de alguém querido. E sim, ver alguém por vídeo, nunca substituirá o calor de um abraço. Que tempos. E que vazio. 

            Tenho um amigo especial (leia-se amor antigo) que adoro e costumávamos trocar mensagens por escrito sobre a vida, sobre o mundo. E desde o começo da pandemia, sugiro, peço, conduzo, insisto para que falemos por telefone e até agora, nada. Saudade com gosto de vazio. Ou será que estou vendo o “copo meio vazio” , muito cheio de nada? Que tal?

            Hoje, 10 de outubro, é o Dia Mundial da Saúde Mental. Para a educação, conscientização, prevenção e defesa da saúde mental. Aqui algumas dicas da Organização Mundial de Saúde:  

– Mantenha-se informado (mas evite excesso de notícias e as fake news)
– Tente ser positivo
– Conecte-se com os seus amigos ou familiares (online, ou com distanciamento)
– Mantenha uma rotina se possível (com especial atenção ao horário de acordar e ir dormir)
– Pratique exercícios físicos com regularidade (qualquer atividade física conta. Encontre a que mais combina com você)
– Praticar atividades de lazer/hobby
– Se possível, aproveite espaços ao ar livre
– Incentive a sua criatividade e a de crianças
– Não ignore e não julgue pessoas que estão ou foram contaminadas com o Coronavírus
– Ofereça ajuda se possível, para criar redes de apoio a quem necessite
– Evite excesso de álcool e drogas

E você? Qual sua melhor dica para um dia de reflexão da importância da saúde mental?

(English version)
We need to talk about emptiness

I have always been a positive person. Upward. But this years, it is difficult. We need to talk about emptiness.

José says that I see the glass half empty. That I must see the glass half full – I don’t know. I have never quite understand this expression – after all, it is all the same, right? Half full, half empty, it is just a matter of perspective. but what to do when the current perspective is a winding road, on the edge of a cliff that insists on showing us its power of attraction?

And I stop and think: I am healthy, I have a roof, I have family, I have friends … But what about this void that consumes me, this fear that paralyzes me in the face of lack of lucidity and truce?

We need to talk about emptiness. About reality, the need and urgency to communicate, even at a distance, using technological devices. Exchanging messages in writing will never be the same as hearing the warmth of a loved one’s voice. And yes, watching someone on video will never replace the warmth of a hug. What times. And what a void.

I have a special friend (aka old love) that I adore and we used to exchange written messages about life, about the world. And since the beginning of the pandemic, I suggest, I ask, I drive, I insist that we speak by phone and so far, nothing. Longing with a taste of emptiness. Or am I seeing the “glass half empty”, very full of nothing? What do you think?

Today, October 10, is World Mental Health Day. For education, awareness, prevention and defense of mental health. Here are some tips from the World Health Organization:

– Stay informed (but avoid excessive news and fake news)
– Try to be positive
– Connect with your friends or family (online, or remotely)
– Maintain a routine if possible (with special attention to the time to wake up and go to sleep)
– Practice physical exercises regularly (any physical activity counts. Find the one that suits you best)
– Practice leisure / hobby activities
– If possible, enjoy outdoor spaces
– Encourage your creativity and that of children
– Do not ignore and do not judge people who are or have been infected with Coronavirus
– Offer help if possible, to create support networks for those in need
– Avoid excessive alcohol and drugs

What about you? What is your best tip for a day of reflection on the importance of mental health?

“Um presente para o futuro”

umpresenteparaofuturolwg

      Agosto para mim é mês de sol, de luz e de alegrias. Aniversário do meu filho, aniversário de grandes amigos e hoje, dia 22, cumple de Pablo, maestro do Expresso 25!

            E como andei ocupada organizando festejos (virtuais e caseiros) nos últimos dias, deixei escapar uma notícia bem bacana: o álbum Cantando em Bando com Celso Viáfora e Expresso 25 (que tive o privilégio de gravar no estúdio Gargolândia em 2012) acaba de estrear no Spotify. Tá lá. É só acessar.

            E para brindar as boas novas – seja como for, água, refri, champanhe, ou com uma ligação de longe, a cereja do bolo: o músico Aquiles Reis do monumental MPB4 assina um texto sobre o álbum. Publicado hoje em sua coluna Dicas do Aquiles no Jornal do Brasil, suas palavras são o papel de presente, o laço de fita, o cartão de aniversário, o buquê de milhares de flores ao maestro. Aos cantores, aos músicos, aos técnicos, aos produtores… E flores a todos que encontram na arte se não a resposta, mas a certeza de que somente a sensibilidade, a inspiração, o contemplar, o emocionar, a diversidade e a delicadeza, é o que transforma e nos conecta. Como define Aquiles: “ao expor a beleza do que fazem, cada faixa é um presente para o futuro”. Que tal?

Um viva à arte e a tudo que ela transforma
Um brinde a todos que vivem, se alimentam, geram e produzem obras que nos tocam imensamente
Um brinde ao requinte e a profundidade de vozes que cantam em bando
Um brinde aos mestres que dividem seu conhecimento
Um brinde à maestria de Pablo
Um brinde ao talento do Celso
Um brinde ao MPB4 – uma das maiores referência vocais da história da música Brasileira

Confira o texto de Aquiles Reis na íntegra:
Jornal do Brasil, 22 de agosto de 2020, Dicas do Aquiles
O coral, o maestro e o compositor
Tenho comigo uma preciosidade, o CD Cantando em Bando (encontrado nas plataformas digitais). Sobre ele me debrucei avidamente. Imaginem se não é de encher os olhos o Expresso 25, um coral com 25 vozes aptas a bem vocalizar, além de um maestro experiente e um compositor brilhante?
O CD Cantando em Bando tem onze arranjos vocais e instrumentais de Pablo Trindade e um de Celso Viáfora. Arranjos que engrandecem as músicas do compositor (três delas em parceria com Vicente Barreto e uma com Ivan Lins). E tome de contrapontos, uníssonos, vocalizações, instrumentações, cânones e afinação impecáveis… meu Deus!
Louvo os gaúchos do Expresso 25, que brilham em variações vocais que, atendendo aos arranjos, exigem o máximo de cada um. O que resulta num “milagre”: a soma de cada voz valoriza os vocais… e cada vocalista tem importância vital no resultado final dos arranjos. (Ao fazer tal afirmação, lembro-me do Magro, que dizia que o canto coral é um exemplo de solidariedade.)
Louvo o maestro Pablo Trindade, ele que dá ao grupo o sentido do canto coral, com atenção máxima a dinâmicas, uníssonos e vocalizações. Dentre outros afazeres musicais, o maestro Trindade é regente e diretor artístico do grupo Expresso 25 desde 1996.
Louvo-o por sentir que ele divide com os vocalistas o conhecimento que tem de seu ofício. E que é através dessa sabedoria que aponta aos cantores o que têm de melhor. Provavelmente, os músicos com quem trabalha compartilham os seus saberes.
Louvo os “de vocal”, eles que abrem a tampa com “Cantando em Bando” a capella – recurso que é a essência do canto coral, em que as vozes se revelam ainda mais sublimes – e reforçando os versos “(…) Cantar em bando/ E ir se ouvindo/ Se descobrindo/ Harmonizando/ É muito lindo/ Tanto coração cantando igual”.
A seguir, dividem com Viáfora o canto em onze das doze músicas, dando-lhe a honra de fechar a tampa, o que ele faz apenas com o violão, dando novos ares à música cantada pelo Expresso 25 abrindo o álbum.
Louvo o compositor que tem doze de suas músicas reverenciadas – todas de um rigor poético primordial, enquanto melodias e harmonias vêm como frutos da dedicação à sua concepção. Outra coisa, a emissão de sua voz melhorou muito, ou seja, Celso Viáfora está cantando melhor do que sempre.
Sobre ele eu já escrevi tempos atrás: “Tivesse Viáfora começado a fazer música no início dos anos 60, hoje ele ocuparia no coração dos brasileiros o mesmo nível de admiração que os maiores compositores surgidos naquele período tão fértil da música brasileira atingiram (…)”.
O suingue de “A Cara do Brasil” (Viáfora e Vicente Barreto) – ela continua me emocionando -,  tem arranjo e piano de Trindade, contrabaixo acústico de Sizão Machado, batera de Ricardo Arenhaldt e violão de Viáfora, ele que divide o canto com o Expresso.
Ao expor a beleza do que fazem, cada faixa é um presente para o futuro, com a música brasileira revelando a riqueza de sua diversidade.

Trocando os dias

praiadeinglesesepraiainglesalwg

                                                          Praia dos Ingleses X praia inglesa…

É verão… eu sei. Fiquei sabendo… Parece que chegou hoje aqui pelas bandas do hemisfério norte

E eu aqui no meu home office, at home, criando coragem para curtir o verão

Minha mãe me ligou há pouco pelo uátis… tá indo, de máscara, distanciamento e sem cuia, passear com uma amiga… visitar uma salina… agora em Portugal, 28ºC

E eu aqui no home office…

Olho pelo vidro… o verão mudou de cor ou sou eu que não troquei de pele? Agora em Manchester, 17ºC

manchestersummerlwg

                               Manchester, 20 de junho, 13h30

Tudo bem que tá tudo meio misturado mesmo… todo dia tem cara de domingo, todo domingo parece dia de férias… mas a ansiedade da chegada da segunda-feira aperta o cérebro e ai já não sei mais em que dia estou…

E eu aqui…

Ainda ontem, fiz ginástica na sala, na gym imaginária da minha home… chuva e 16ºC dificulta um pouco a coisa…

E eu…

Pensando que esse ano não terá viagem de avião. Não terá cheiro de mar. Não terá Tablito. Não terá camarão à milanesa na Lagoa. Não terá sal na pele. Não terá verão… sim, porque verão para mim… tem a cara do Brasil, de muvuca, de música, de suor, de cores, de sabores, de amores, de havaianas, de passeio, de férias, de amigos, de suco de abacaxi com hortelã

E então, sem isso tudo, não parece verão.

Tudo bem que tá tudo meio misturado mesmo… outono foi gelado, inverno longo de mais, primavera na bolha e um verão que, bem… acho que se atrapalhou esse ano e já não sabe mais qual é o seu dia. Que tal?

*A foto de abertura do texto ilustra bem minha dualidade: acima, Praia dos Ingleses (Florianópolis, Brasil); embaixo, uma praia inglesa (New Brighton, Inglaterra). Façamos o jogo do 1000 erros?

Mixing up the days

It is summer, I know. Looks like it is starting today here at north hemisphere

And I am here at my home office at home looking for courage to go out

My mum has just called me. She is going out with a friend – wearing face mask, keeping the social distancing to visit a saline… Right now in Portugal, 28º C

And I am here at my home office…

I look at the window… Summer has changed its color ou it is me that didn’t changed my skin? Right now in Manchester, 17º C

I know that everything is a little mixed up… every day looks like Sunday, every Sunday looks like vacation… but the anxiety for the coming Monday squeeze my brain and I don’t know what day I am anymore…

And I am here…

Just yesterday, I was exercising in the living room, in the imaginary gym at my home… Rain and 16ºC  is a little difficult…        

And I….

Thinking that this year there will be no plane travel. Won’t have sea smelling. Won’t have Tablito ice lolly. Won’t have scampi at Lagoa. Won’t have salt on the skin. Won’t have summer… because summer to me it is like Brazil… With crowd, music, sweat, colors, tastes, loves, havaianas, strolls, vacations, friends, pineapple and mint juice

And without all of these doesn’t look like summer.

I know that everything is a little mixed up… autumn too cold, winter too long, spring in a bubble and a summer that, well… I think it get muddled this year and he doesn’t know what his day is anymore.  What do you think? Que tal?